Bolsonaro silencia sobre PF, e advogado vê perseguição e cobra aliados a se manifestarem

Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente, cobrou que os candidatos apoiados pelo ex-presidente o defendam em meio ao cerco da Polícia Federal e do STF

Folhapress

O advogado de Jair Bolsonaro (PL) e ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten afirmou, nesta terça-feira (19), que é absurdo o indiciamento do ex-presidente, do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, do deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e de mais 14 pessoas no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19.

Espécie de faz-tudo de Bolsonaro, Wajngarten ainda cobrou que os candidatos apoiados pelo ex-presidente o defendam em meio ao cerco da Polícia Federal e do STF (Supremo Tribunal Federal), que investigam também se houve uma tentativa de golpe de Estado por parte do mandatário.
Bolsonaro, seus filhos e os seus advogados que atuam neste caso não haviam se manifestado até o começo da tarde desta terça.

“Na minha humilde opinião o indiciamento de hoje, que até o presente momento a defesa técnica sequer teve acesso, é tão absurdo quanto o caso da baleia”, escreveu Wajngarten nas redes sociais.
O caso da baleia é uma investigação da PF que apura se Bolsonaro importunou uma baleia jubarte durante um passeio em São Sebastião (SP), no ano passado.

“O mundo inteiro conhece a opinião pessoal do [ex-]presidente Jair Bolsonaro quanto ao tema da vacinação, muito embora ele tenha adquirido mais de 600 milhões de doses”, escreveu Wajngarten

Desde o início da disseminação do novo coronavírus, no começo de 2020, Bolsonaro sempre falou e agiu em confronto com as medidas de proteção, em especial a política de isolamento da população.

Bolsonaro também distribuiu remédios ineficazes contra a doença, incentivou aglomerações, atuou contra a compra de vacinas, espalhou informações falsas sobre a Covid-19 e fez campanhas de desobediência a medidas de proteção, como o uso de máscaras.

“Ademais, enquanto exercia o cargo de presidente, ele estava completamente dispensado de apresentar qualquer tipo de certificado nas suas viagens. Trata-se de perseguição política e tentativa de esvaziar o enorme capital político que só vem crescendo”, continua o advogado.

Segundo suspeita da PF, dados falsos de vacinação foram inseridos em registros do SUS do ex-presidente para emitir um certificado.

Bolsonaro e os demais foram indiciados pela PF sob suspeita pelos crimes de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa. A informação foi revelada pelo portal G1 e confirmada pela Folha de S.Paulo.

Wajngarten deu um recado aos aliados de Bolsonaro, cobrando lealdade. “Por falar em capital político, vamos ver com lupa quais candidatos querem surfar a onda desse enorme capital político, mantendo-se indiferente a essa perseguição.”

Ao final, recomendarei ao grupo político do presidente que jamais permita que essa relação unilateral e desequilibrada seja ativo eleitoral de quem quer que seja. Aos oportunistas de ocasião, tenham a certeza que, mais ainda agora, gafanhotos terão vida curta. Política é grupo, coesão e solidariedade”, completa.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), a quem Bolsonaro já declarou apoio na eleição contra Guilherme Boulos (PSOL), é um dos pré-candidatos que é alvo de cobrança frequente por parte dos bolsonaristas.

Devido à rejeição do ex-presidente, Nunes busca se equilibrar entre gestos ao centro e à direita bolsonarista, o que incomoda os aliados do ex-presidente. Na questão da pandemia e das vacinas, por exemplo, o prefeito faz questão de se diferenciar do negacionismo, afirmando que na capital paulista não faltou oxigênio e a vacinação foi incentivada.

O caso da suposta fraude no cartão de vacina será o primeiro de três casos com Bolsonaro na mira e que a PF espera concluir até julho. Além deste, os investigadores apuram a participação do ex-presidente na trama para tentar dar um golpe de Estado e o caso sobre joias recebidas da Arábia Saudita.

Essa investigação está vinculada ao inquérito das milícias digitais, que tramita em sigilo no STF sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Foi no âmbito deste inquérito que foi feito o acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.

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