Escolas de taipa em Vargem Grande revelam descaso com a educação pública

A realidade da educação em Vargem Grande (MA) voltou a ser tema de preocupação e indignação. Denúncias recebidas pelos vereadores Jociedson Aguiar e Júnior Castro revelaram um cenário alarmante nas escolas da zona rural do município. Durante visitas de fiscalização, os parlamentares encontraram unidades de ensino funcionando em estruturas de taipa, com paredes de barro, telhados precários e banheiros improvisados de palha.

Em pleno século XXI, crianças da rede pública ainda assistem aulas em condições que lembram o passado mais pobre do interior. A situação fere não apenas a dignidade dos alunos e professores, mas também evidencia o abandono do poder público diante das necessidades básicas da educação rural.

Situação precária e riscos à saúde
De acordo com os vereadores, a inspeção revelou problemas ainda piores do que os relatados pela comunidade. Em algumas escolas, o ambiente é insalubre, sem ventilação adequada e com risco de desabamento em dias de chuva.
A merenda escolar também é motivo de preocupação: alimentos de baixa qualidade e armazenados em locais sem condições de higiene, expondo estudantes a riscos de contaminação.

Os povoados de São Joaquim da Pacova, Santa Rita, Santo Antônio dos Crentes e Tamacaca estão entre os mais afetados. Levantamento preliminar indica que pelo menos 11 escolas funcionam nessas condições em Vargem Grande.

Disparidade entre os dados e a realidade
O contraste entre o que é divulgado pela prefeitura e o que foi encontrado nas visitas é gritante. Apesar de o município ter apresentado índices positivos no IDEB e receber milhões em recursos do Fundeb, a infraestrutura escolar segue em colapso em boa parte da zona rural.
A diferença entre os números oficiais e a realidade do dia a dia nas salas de aula expõe a fragilidade no planejamento e na aplicação dos recursos públicos destinados à educação.

Fiscalização e próximos passos
Os vereadores afirmam que irão levar o caso aos órgãos de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, para que sejam tomadas medidas urgentes.

“Não é possível aceitar que nossas crianças estudem em barracões de barro enquanto os recursos da educação continuam sendo liberados. Vamos exigir transparência e providências imediatas”, declarou o vereador Jociedson Aguiar.

O vereador Júnior Castro também destacou a importância da mobilização e da cobrança popular diante da situação.

“O que encontramos nas comunidades é revoltante. As crianças estão sendo privadas do direito básico de estudar em um ambiente digno. Vamos continuar fiscalizando e cobrando soluções, porque a educação de qualidade não pode ser privilégio de poucos – é um direito de todos”, afirmou.

Enquanto isso, pais, alunos e professores seguem enfrentando a dura rotina de estudar em escolas sem estrutura mínima, à espera de que a denúncia se transforme em ação efetiva e traga dignidade e qualidade ao ensino nas comunidades rurais de Vargem Grande.